tag:blogger.com,1999:blog-88320311005855849432024-03-19T05:26:44.242-03:00vagoTIAGO JULIO MARTINShttp://www.blogger.com/profile/17684305254094172062noreply@blogger.comBlogger267125tag:blogger.com,1999:blog-8832031100585584943.post-71633999142535253572016-10-05T16:20:00.001-03:002016-10-05T16:20:42.442-03:0010/10/2016<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<iframe width="320" height="266" class="YOUTUBE-iframe-video" data-thumbnail-src="https://i.ytimg.com/vi/flbqRyNdT2o/0.jpg" src="https://www.youtube.com/embed/flbqRyNdT2o?feature=player_embedded" frameborder="0" allowfullscreen></iframe></div>
<br />TIAGO JULIO MARTINShttp://www.blogger.com/profile/17684305254094172062noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8832031100585584943.post-85462060585466606252016-09-06T15:45:00.002-03:002016-09-06T15:45:52.969-03:00Pré-venda do meu primeiro livro!<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://3.bp.blogspot.com/-jzGNX-CS0e4/V88M8KDkerI/AAAAAAAAB6k/RHCXToboyoA-lNVVKVra0S0ddOXqOSs_gCLcB/s1600/banner-video_Tardis.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="240" src="https://3.bp.blogspot.com/-jzGNX-CS0e4/V88M8KDkerI/AAAAAAAAB6k/RHCXToboyoA-lNVVKVra0S0ddOXqOSs_gCLcB/s320/banner-video_Tardis.jpg" width="320" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">
Meu primeiro livro tá em pré-venda! Ela segue até dia 16 deste mês. Se tu puderes me ajudar e adquirir TARDIS antes do lançamento, vais estar me ajudando bastante e ainda ganha um marcado personalizado com o tema da capa, cheio de ilustrações legais. Os livros só estarão disponíveis em outubro, o link para compra é: <a href="http://migre.me/uOxeN" rel="nofollow" style="background-color: white; color: #365899; cursor: pointer; font-family: helvetica, arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 19.32px; text-decoration: none;" target="_blank">migre.me/uOxeN</a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">
Obs: Quem for de Belém, não precisa pagar frete. Basta inserir o cupom de desconto: DESCONTOTARDIS</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">
Muito obrigado! </div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">
Sinopse:</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">
<span style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: helvetica, arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 19.32px;">Em novembro de 2014, Tiago decidiu produzir para um concurso literário um romance autobiográfico. Ele é portador do Transtorno Afetivo Bipolar e se propôs a narrar sua história da infância à idade adulta. Para cumprir o prazo das inscrições, o livro teria que ficar pronto em apenas 27 dias. O objetivo era traçar um panorama psicológico que percorresse os caminhos que levaram o autor a experimentar um grave surto psicótico, no final de 2013. A auto-exploração deveria revisitar episódios engraçados, experiências marcantes, desilusões, traumas e paixões abordando temas universais a partir do ponto de vista de um bipolar. O processo criativo acelerado, porém, escondia um grande risco. TARDIS levou o autor a um novo surto psicótico. A história foi reescrita por ela mesma durante sua criação e só foi concluída meses mais tarde. Proveniente de um fluxo irreprimível, no livro, a loucura foi intensamente lembrada e registrada. Boa parte da narrativa é ambientada na internet e oferece um panorama das relações afetivas na era digital. A trama é repleta de referências à cultura pop, cinema, videogames, música e literatura. A TARDIS original é a máquina do tempo e nave espacial do seriado de ficção científica Doctor Who e condiz com a proposta do livro: proporcionar aos leitores uma experiência intensa, uma viagem profunda cujo percurso pode instigar transformações internas únicas.</span></div>
<br />TIAGO JULIO MARTINShttp://www.blogger.com/profile/17684305254094172062noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8832031100585584943.post-27190993842799659012016-07-17T11:58:00.001-03:002016-07-17T11:58:47.385-03:00Alô, tem alguém aí?Meu blog tá só poeira, eu sei. Tenho tratado com muito desleixo o Vago e não é justo com ele ser tão insensível depois de tudo que passamos juntos. Devo muito a este blog. Mas, assim, eu tenho uma necessidade grande de ser lido por um número mínimo de pessoas e, de verdade, acho que o Vago não me oferece mais essa possibilidade. Eu espero estar errado e que aparecem uns dois ou três comentários marotos dizendo que não, o Vago não é frequentando só por fantasmas.<br />
<br />
Mas estou escrevendo porque tenho uma grande notícia pra dar. Finalmente, consegui uma editora e vou publicar meu primeiro livro. Se tudo der certo ele deve sair no segundo semestre deste ano ainda. <span style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: helvetica, arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 19.32px;"> A proposta do romance autobiográfico, batizado de TARDIS, é passear pelo meu histórico de vida até eu descobrir ser portador do Transtorno Afetivo Bipolar, depois de literalmente enlouquecer. No livro, paixões, traumas, dores, alegrias, sonhos e loucura se misturam e delimitam o caminho percorrido pelo leitor em um relato honesto e cru através de uma mente confusa e conturbada. É um passeio em que o narrador, eu no caso, conduz histórias que vão desde primeiros amores à descoberta da doença mental e surtos psicóticos gravíssimos</span><span class="text_exposed_show" style="background-color: white; color: #1d2129; display: inline; font-family: helvetica, arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 19.32px;"> que provocam uma quebra completa com a realidade.</span><br />
<span class="text_exposed_show" style="background-color: white; color: #1d2129; display: inline; font-family: helvetica, arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 19.32px;"><br /></span>
<span class="text_exposed_show" style="background-color: white; color: #1d2129; display: inline; font-family: helvetica, arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 19.32px;">Assim que eu souber quando o livro vai ser lançado, eu aviso aqui. Por hora, tô postando diariamente na minha fanpage: https://www.facebook.com/tiagojuliomartins É só curtir. :)</span><br />
<span class="text_exposed_show" style="background-color: white; color: #1d2129; display: inline; font-family: helvetica, arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 19.32px;"><br /></span>
<span class="text_exposed_show" style="background-color: white; color: #1d2129; display: inline; font-family: helvetica, arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 19.32px;">Obrigado por ainda vir aqui e nos vemos no Facebook.</span><br />
<span class="text_exposed_show" style="background-color: white; color: #1d2129; display: inline; font-family: helvetica, arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 19.32px;"><br /></span>
<span class="text_exposed_show" style="background-color: white; color: #1d2129; display: inline; font-family: helvetica, arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 19.32px;">Abraços.</span>TIAGO JULIO MARTINShttp://www.blogger.com/profile/17684305254094172062noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-8832031100585584943.post-29943467836329644432016-04-17T10:38:00.000-03:002017-05-06T20:05:33.906-03:00O blog.<div class="MsoNormal" style="line-height: 17.35pt; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: x-small;">*Post do amigo Bernard Freire.</span><br />
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt;"><br /></span>
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt;">A proposta da pesquisa em trajeto
consisti em cartografar um “Diário de Bordo”. Nesses quatro anos de
universidade criei para mim um <i>locus</i> que guarda o conhecimento
artístico que vivenciei no curso. Para tanto, conciliei <a href="http://blopiti.blogspot.com.br/2016/03/ola-novamente-sou-um-cometa.html"><span style="color: #990000; text-decoration: none;">minha vida à
descoberta de saberes</span></a>, investindo na minha formação teatral, como
artista-professor-pesquisador. <span style="color: red;"><a href="http://apoesiaestamorrendo.blogspot.com.br/">Modifiquei planos</a> </span>e sobrevoei por disciplinas
que ilustravam o modo de fazer, de ensinar e de pesquisar Teatro. Criei o blog <i>Corpo
Palavra</i> (https://palavra-corpo.blogspot.com) e experimentei
errar, conhecer e <a href="http://sidereus-nuncius.blogspot.com.br/search/label/Poemas"><span style="color: #990000; text-decoration: none;">aprender
arefletir</span></a> sobre modos e formas.<a href="http://escorrendo.blogspot.com.br/"><span style="color: #990000; text-decoration: none;">Transcrevi em páginas virtuais</span></a>,
vivências e pesquisas desenvolvidas dentro e fora da universidade. Rompi o elo
da aprendizagem restrita, subordinada ao conhecimento repassado pelo professor
e propus-me expandi para o blog tudo o que foi suscitado dentro da sala de aula
com um <a href="http://manchareiseunome.blogspot.com.br/">olhar poético não convencional</a>:</span><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 11.5pt;"><o:p></o:p></span><br />
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt;"><br /></span>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://4.bp.blogspot.com/-Z4YPOf-eDq8/VxN6RzcAb0I/AAAAAAAABvQ/D3dPG7N_WIckMYVxHnVfWWBoXN1bPt2uACLcB/s1600/bernard.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="184" src="https://4.bp.blogspot.com/-Z4YPOf-eDq8/VxN6RzcAb0I/AAAAAAAABvQ/D3dPG7N_WIckMYVxHnVfWWBoXN1bPt2uACLcB/s320/bernard.jpg" width="320" /></a></div>
</div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="line-height: 16.15pt; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
<a href="https://2.bp.blogspot.com/-yzpbE6tR9R8/VwxrNk9YSKI/AAAAAAAAB-4/sJ7T7iGzT8czZdVD2eOMFqh4w-W_TzKzgCLcB/s1600/blog.jpg"><span style="color: #990000; font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 11.5pt; text-decoration: none;"><!--[if gte vml 1]><v:shapetype id="_x0000_t75"
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alt="Descrição: https://2.bp.blogspot.com/-yzpbE6tR9R8/VwxrNk9YSKI/AAAAAAAAB-4/sJ7T7iGzT8czZdVD2eOMFqh4w-W_TzKzgCLcB/s400/blog.jpg"
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<div align="center" class="MsoNormal" style="line-height: 16.15pt; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt;">Imagem 1: Blog <i>Corpo Palavra</i>.
(<a href="https://palavra-corpo.blogspot.com/"><span style="color: #990000; text-decoration: none;">https://palavra-corpo.blogspot.com</span></a>)</span><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 11.5pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 17.35pt; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 17.35pt; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt;">Com o blog, a pesquisa se deu em torno
dessa vivência acadêmica registrada em Diário de Bordo. Uma plataforma virtual
da minha <a href="http://lazuritas.blogas.lt/"><span style="color: red;">trajetória</span></a> como artista-professor-pesquisador. Uma investigação da
escrita; uma cartografia digital artística disponibilizada na web.</span><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 11.5pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 17.35pt; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 17.35pt; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt;">A pesquisa tende pôr em análises
críticas, as postagens e seus desdobramentos na perspectiva de novas criações, <span style="text-decoration: none;"><a href="http://chavescamila.blogspot.com.br/"><span style="color: red;">mostrando a comunicação</span></a><span style="color: #990000;"> </span></span>teatral
em rede. O Blog Virtual é um dispositivo passível de suportar o desenho do
plano de consistência onde está organizada uma <a href="http://icanwrite.blogspot.com.br/2012/03/i-miss-you-guys.html?spref=tw"><span style="color: #990000; text-decoration: none;">trajetória de
formação</span></a> de um artista-professor-pesquisador, no caso, a minha
própria formação.</span><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 11.5pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 17.35pt; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 17.35pt; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt;">Ao elaborar <a href="http://saracomcafe.blogspot.com.br/"><span style="color: red;">o projeto</span></a> de pesquisa
obtive de Wlad, proposições para a concepção da pesquisa. Eu tinha a ideia de
falar a partir do blog, mas apenas como auxiliador na memorização dos
trabalhos; do que realizei dentro da universidade.</span><span style="color: red; font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;"> </span><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt;">A professora Wlad
propôs mais radicalidade: a revelação plena do blog como sujeito da pesquisa.
Essa consideração deu maior consistência à proposta: cartografar, diretamente,
os relatos e reflexões postadas no <span style="color: red;"><a href="http://biomafra.blogspot.com.br/"><span style="text-decoration: none;">Diário de Bordo</span></a>,</span> já existente. Essas
narrativas com <a href="http://behindthecrimedoor.blogspot.com.br/"><span style="color: red; text-decoration: none;">território
existencial</span></a> da pesquisa.</span><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 11.5pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 17.35pt; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 17.35pt; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt;">O blog <i>Corpo Palavra,</i><a href="http://escritacommusica.blogspot.com.br/"> criadono início do curso</a>, é um memorial artístico, portfólio de trabalhos vivenciados
dentro e fora da universidade, registro de um ciclo acadêmico, um verdadeiro <b>caderno
de professor</b> – para o futuro - com ferramentas que ajudam a construir
um processo de trabalho artístico-pedagógico para aqueles que <a href="http://fragmentosdeumaidentidade.blogspot.com.br/"><span style="color: #990000; text-decoration: none;">viveram o ser
professor-criador</span></a>.</span><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 11.5pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 17.35pt; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 17.35pt; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt;">Defendo a ideia do blog como ponto de
apoio dos pensamentos que se multiplicaram durante os quatro anos de curso. <a href="http://juliet-in-crisis.blogspot.com.br/">Oblog é o meu campo de imanência</a>, nele dei organicidade às ideias que iam surgindo
e ainda surgem; materializei o que estava em pensamento e busquei criar no
corpo, em palavras, em imagens, em linhas que dão norte a pesquisa de
conhecimento. Apresentei-me em processo, em outras margens além da sala de
aula.</span><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 11.5pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 17.35pt; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 17.35pt; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt;">Sustento a pesquisa partindo dos
pensamentos de <a href="https://pt.wikipedia.org/wiki/Gilles_Deleuze"><span style="color: #990000; text-decoration: none;">Gilles Deleuze</span></a> e<a href="https://pt.wikipedia.org/wiki/F%C3%A9lix_Guattari"><span style="color: #990000; text-decoration: none;">Félix Guattari</span></a> sobre
o conceito de Rizoma. Deleuze e Guattari, em <i>Mil Platôs 1</i> (DELEUZE;
GUATTARI,1995), explanam sobre o princípio rizomático que multiplica e gera um
encadeamento a outros pontos. <a href="http://joaoboscomaia.blogspot.com.br/"><span style="color: #990000; text-decoration: none;">Um rizoma que nasce</span></a> e
se conecta com outros rizomas:</span><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 11.5pt;"><o:p></o:p></span></div>
<blockquote class="tr_bq" style="line-height: 16.15pt; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: right;">
<div style="text-align: justify;">
</div>
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 11.5pt;"></span><br />
<div style="text-align: justify;">
<blockquote class="tr_bq" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 11.5pt;"><span style="font-size: 11.5pt; line-height: 16.15pt;">Falamos exclusivamente disto: multiplicidade,
linhas, estratos e segmentaridades, linhas de fuga e intensidades,
agenciamentos maquínicos e seus diferentes tipos, os corpos sem órgãos e sua
construção, sua seleção, o plano de consistência, as unidades de medida em cada
caso. Os</span><i style="font-size: 11.5pt; line-height: 16.15pt;">estratômetros</i><span style="font-size: 11.5pt; line-height: 16.15pt;">, os </span><i style="font-size: 11.5pt; line-height: 16.15pt;">deleômetros</i><span style="font-size: 11.5pt; line-height: 16.15pt;">, as </span><i style="font-size: 11.5pt; line-height: 16.15pt;">unidades
CsO de densidade</i><span style="font-size: 11.5pt; line-height: 16.15pt;">, as </span><i style="font-size: 11.5pt; line-height: 16.15pt;">unidades CsO de convergência</i><span style="font-size: 11.5pt; line-height: 16.15pt;"> não
formam somente uma quantificação da escrita, mas definem como sendo
sempre a medida de outra coisa. Escrever nada tem a ver com significar, mas
agrimensar, cartografar, mesmo que sejam regiões ainda por vir (p. 11).</span></span></blockquote>
</div>
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 11.5pt;">
</span></blockquote>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 16.15pt; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 17.35pt; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt;"><a href="https://quaseheroina.wordpress.com/"><span style="color: #990000; text-decoration: none;">O blog é uma extensão de mim</span></a>,
um plano de consistência para as minhas ideias, ações, pensamentos, escrita; um
ponto de fuga que <span style="color: #990000; text-decoration: none;"><a href="http://meianoveparafusos.blogspot.com.br/">discorre</a> </span>das <a href="http://surtosalados.blogspot.com.br/"><span style="color: #990000; text-decoration: none;">sensações que gritam no interior</span></a>.
É um espaço que muda as coisas de lugar, coloca as ideias e a pratica em
organização. Comunica a forma de organicidade, mostra o conteúdo da essência,
pulsa um devir.</span><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 11.5pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 17.35pt; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 17.35pt; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt;">Decidi publicar o blog <i>Corpo
Palavra</i> como um Diário de Bordo e relatar a trajetória de um formando
em Teatro. Nesse diário, <a href="http://retalhosereticencias.blogspot.com.br/"><span style="color: #990000; text-decoration: none;">o processo</span></a> de
formação parte de um conhecimento profissional adquirido na universidade <a href="http://cafeeocio.blogspot.com.br/">para ocompartilhamento </a>em rede com outros profissionais da arte que utilizam a
blogosfera para comunicar, produzir e gerar um encadeamento de informações do
meio artístico e toma-lo como produção de conhecimento. O compartilhamento se
dá através de “posts” trazendo conteúdos que atravessam o teatro por<a href="http://esconderijodabandys2.blogspot.com.br/"> imagem,vídeo e texto</a>, buscando o sentir ao estar em processo de produção de
conhecimento e arte.</span><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 11.5pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 17.35pt; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 17.35pt; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt;">Foram quatro anos de curso e tudo o que
busquei conhecer partiu do ensino acadêmico, dos diálogos com outros
profissionais e das leituras que demarcavam o percurso do pensamento reflexivo.
<a href="http://obviousmag.org/mapas_do_acaso/">Vivi a universidade por meio de atuações</a>, experimentações e transições que me
fizeram descobrir todos os meus atravessamentos-pensamentos. Desloquei-me de um
lugar ao outro, saindo do meu contexto habitual e me adaptando a <a href="http://nandamusicpoesia.blogspot.com.br/2016/04/insatisfacao.html?utm_source=feedburner&utm_medium=feed&utm_campaign=Feed:+blogspot/jZrbj+(Inspira%C3%A7%C3%A3o.)">novos lugares</a>
através do teatro. Nesse percurso cartografei sentidos; construir linhas de
encenação, de composição, linhas de fuga; observei, agenciei, vivenciei e criei
a minha própria formação acadêmica.</span><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 11.5pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 17.35pt; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<a href="https://www.blogger.com/blogger.g?blogID=8832031100585584943" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"></a><br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 17.35pt; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt;">Quando criei o <i>Corpo Palavra</i>, <a href="http://lapidandoversos.blogspot.com.br/">joguei na rede</a> um pouco do meu conhecimento, dos meus processos criativos, da
minha pesquisa e trabalhos artísticos que ia produzindo nesses quatro anos de
curso. Tive disciplinas que disparavam em mim um meio para transpor pensamentos
e produzir através de palavras o que estava vivenciando. <a href="http://melancholiemadchen.blogspot.com.br/">O blog carrega todosos meus trabalhos</a>, tanto os realizados na sala de aula quanto os que foram
produzidos para além dos muros da universidade. Tem o antes, o durante e uma
proposta de vislumbramento para o que suceder pós-formado.</span><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 11.5pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 17.35pt; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 17.35pt; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt;">No blog procuro recriar <a href="http://importunobruno.blogspot.com.br/">minha história</a>
além da linguagem textual, busco transcrever em postagens poéticas uma
imagem-sonora, uma escrita em diário de bordo. Cartografar meus resultados e me
conectar em outras extensões. Sigo o cotidiano; palavras sublinhadas em outras
redes. O blog que registra esse diário de bordo carrega um memorial de um
artista em construção. <a href="http://nostalgiareciproca.blogspot.com.br/"><span style="color: #990000; text-decoration: none;">Um meio de não seperder</span></a>,
de se perder achando fatos, processos e composições, linhas de um pensamento
educacional, artístico, acadêmico e profissional.</span><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 11.5pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 17.35pt; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 17.35pt; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt;">Nas postagens, a forma de ensinamento
ministrada pelos professores <a href="http://omundoemcenas.blogspot.com.br/">disparam novos olhares </a>para o fazer teatral.
Educar, adquirir conhecimento, pôr em prática ações. Se informar e aprender os
trânsitos do ensinamento. Aprender a arte e se profissionalizar com a prática.</span><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 11.5pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 17.35pt; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 17.35pt; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt;">O blog parte, do ponto do meu ingresso
na Universidade Federal do Pará. Ingressei em 2011 no curso Técnico em Ator e
em 2012 no curso de Licenciatura em Teatro. Nesse <a href="http://paradapoetica-joana.blogspot.com.br/">ciclo duplo</a> de formação me
conectei com outras áreas do conhecimento artístico, filosófico e cientifico,
participei como estudante de teatro de processos criativos e construí
pensamentos sobre uma formação teatral dentro da universidade. Cartografei em
postagens no blog, em forma de texto literário, poético, todo o meu
ensino-aprendizagem.</span><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 11.5pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 17.35pt; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 17.35pt; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt;">A pesquisa em andamento – processo não
se encerra no TCC - mostra um meio de se chegar a comunicar de forma
poético-reflexiva o processo de criação de um formando em Teatro. Suporte que
carrega <a href="https://lucioflaviopinto.wordpress.com/"><span style="color: #990000; text-decoration: none;">informações de
um caminho em construção</span></a>; é nele, no blog, que o
artista-professor-pesquisador deixará rastro para processos futuros, onde a
memória recriará sentidos para o que já foi iniciado.</span><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 11.5pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 17.35pt; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 17.35pt; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt;">Para fechar, temporariamente essa
introdução, dois pensamentos poéticos de artistas: de <a href="http://www.wikidanca.net/wiki/index.php/Tadashi_Endo"><span style="color: #990000; text-decoration: none;">Tadashi Endo</span></a>:
“mover-se significa ir em frente, deixar o primeiro (ponto), e cada passo nos
leva em direção ao futuro”; e de <a href="http://lattes.cnpq.br/2342289588606508"><span style="color: #990000; text-decoration: none;">Ana Cristina Colla</span></a>:
“caminhante, não há caminhos. Só rastros”.</span><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 11.5pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 17.35pt; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 17.35pt; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "times" , "freeserif" , serif; font-size: 15.4px; line-height: 23.1px; text-align: center; text-indent: 47.2px;"> <a href="http://www.corpopalavra.com/2016/04/sala-de-aula.html">>>></a></span><span style="color: #990000; font-family: "times new roman" , "times" , "freeserif" , serif;"><span style="font-size: 15.4px; line-height: 23.1px; text-align: center; text-indent: 47.2px;"><a href="http://www.corpopalavra.com/2016/04/sala-de-aula.html">Continuar lendo<<<</a></span></span></div>
</div>
<div style="text-align: center;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
TIAGO JULIO MARTINShttp://www.blogger.com/profile/17684305254094172062noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8832031100585584943.post-65345348809203042892016-04-17T09:53:00.002-03:002016-04-17T09:53:35.923-03:00José Maria Silva<span style="font-size: x-small;">*publicado originalmente no portal <a href="http://revistainterage.com/2015/08/04/jose-maria-silva-2/">Interage.</a></span><div>
<br /></div>
<div>
<br /></div>
<div>
<div style="background-color: white; box-sizing: border-box; color: #565656; font-family: 'Source Sans Pro', sans-serif; font-size: 14px; line-height: 23.1px; margin-bottom: 27px; text-align: justify;">
Ele já era um homem velho. Calvo. Uns cinquenta e tantos anos, quase sessenta. Ostentava uma barriga saliente. Vestia uma camisa social manga-longa branca, meio surrada, e uma calça jeans azul clara. Tinha um rosto firme, castigado por rugas que rodeavam seus olhos. Definitivamente, não havia nenhum traço físico marcante que poderia lhe destacar dos demais. Entrou no ônibus. Eram seis e meia da tarde. Horário de pico. Avenida engarrafada. Buzinas por todos os lados. O calor fazia tudo ficar ainda mais desconfortável. Todos, sem exceção, aparentavam estar exaustos. Havia cerca de dez pessoas em pé, distribuídas disformemente pelo corredor paralelo aos assentos. Ele deu boa noite ao cobrador. Pagou a passagem e passou pela catraca. Notei que carregava, embaixo do braço esquerdo, alguns pequenos caderninhos que pareciam manufaturados com folhas A4. Ele parou do meu lado e pegou com a mão direita um dos exemplares da publicação caseira. Baixou a cabeça por uns instantes e guardou o troco no bolso. Forçou a garganta baixinho para tirar o pigarro. Encarando de frente os passageiros, ele disse:</div>
<div style="background-color: white; box-sizing: border-box; color: #565656; font-family: 'Source Sans Pro', sans-serif; font-size: 14px; line-height: 23.1px; margin-bottom: 27px; text-align: justify;">
– Eu sei que nenhum de vocês gostaria de estar me ouvindo falar alto e interromper a viagem de vocês. Mas acontece, gente, que essa foi a única maneira que encontrei de divulgar meu trabalho. O meu trabalho é esse aqui, ó: são poesias, gente. Eu mesmo que fiz. Tudinho, fui eu que escrevi. Não vou mentir pra vocês, deu trabalho sim. Trabalhei minha vida toda como porteiro e só depois de velho aprendi a ser poeta. Escrevo durante o trabalho mesmo. O seu Otávio, que é o sindicato de lá do prédio, disse que eu tenho muito talento. Gente, eu gosto mais de fazer poesia do que de ser porteiro. Mas, gente, pensa comigo: eu tenho dois filhos que ainda tão lá em casa pra eu sustentar, minha mulher é empregada e não dá conta de pagar as contas todas sozinha, como é que eu vou parar de trabalhar de porteiro pra ser só poeta? Não dá, gente. O meu sonho era viver só de ser poeta, mas como é que vou viver disso nessa cidade? Já me chamaram de doido, de vagabundo, até de viado já me chamaram, mas eu não ligo, não. Quero mesmo é ser poeta. Vocês não sabem a alegria que eu tenho quando faço uma poesia. Vou ler uma aqui pra vocês: “O amor de Deus é tão bonito/Que só pode mesmo ser infinito/Cuida, Pai do céu, pra que todos possam estar contigo/Recebendo tua Graça e compartilhando teu abrigo.”. E por aí vai, gente. Imagina se todo mundo lesse poesia, o Brasil não ia ser um país muito melhor? As pessoas não querem mais saber de ler e isso é muito triste. Um país de pessoas que não leem não pode ter futuro, não. Olha a violência como tá, olha a corrupção, paciente morrendo em hospital, é muita notícia triste! Falta poesia no coração das pessoas. Eu tô fazendo a minha parte. É como Deus disse: “Faça sua parte que eu te ajudarei”. Custa dois reais o livrinho, gente, tem mais de trinta poesias. É bem sortido. Quem puder estar dando essa força pra o meu trabalho, eu vou ficar muito agradecido, viu? Boa noite pra vocês.</div>
<div style="background-color: white; box-sizing: border-box; color: #565656; font-family: 'Source Sans Pro', sans-serif; font-size: 14px; line-height: 23.1px; margin-bottom: 27px; text-align: justify;">
Precisei conter o choro quando dei as duas moedas de um real a ele e, enfim, pude olhar fixamente em seus olhos. Aquele homem era tão diferente de mim, vinha de um mundo que parecia tão distante que, talvez, não conseguíssemos conversar e nos entender por mais de meia hora. Não por falta de assunto ou de interesse, mas porque eu ficaria, sinceramente, constrangido de expor minhas dificuldades ao conhecer as dele. Quem sabe, ele não se importasse de fazer um monólogo para mim. Fiquei querendo saber se ele conhecia Drummond, Leminski, Manoel de Barros, Bandeira, Ana Cristina Cesar, Bukowski, Baudelaire. Provavelmente não. Tive vontade de dizer que o compreendo, que também gostaria de ser poeta, que a vida, às vezes, é foda e não dá margem para sonhar, que o mundo, de fato, seria infinitamente melhor se as pessoas tivessem sensibilidade o bastante para consumir poesia. Mas não falei nada. Olhei para trás e vi outras duas ou três pessoas comprando seu livrinho: “José Maria Silva – Poesia Reunida”. O José desceu do ônibus agradecendo a todos, parecia satisfeito. Depois, lendo seus poemas, de uma simplicidade que os tornavam quase infantis, percebi que eu era um José Maria também. A poesia entranha e escorre. Não se faz poesia por escolha, se faz por necessidade. O José tinha a minha precisão. Com seu esforço, era maior que eu. Senti inveja pelos livros que nunca publiquei ou fiz à mão.</div>
</div>
TIAGO JULIO MARTINShttp://www.blogger.com/profile/17684305254094172062noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8832031100585584943.post-20302136770781229432015-11-25T21:20:00.001-03:002015-11-25T23:03:46.875-03:00Amputação.<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<span style="font-size: x-small; line-height: 115%;"><i>Quando roubaram meu smartphone,<o:p></o:p></i></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<span style="font-size: x-small; line-height: 115%;"><i>era só ficar longe do notebook,<o:p></o:p></i></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<span style="font-size: x-small; line-height: 115%;"><i>que eu tinha taquicardia e tristeza
aguda,<o:p></o:p></i></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<span style="font-size: x-small; line-height: 115%;"><i>tal o Tom Hanks, <o:p></o:p></i></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<span style="font-size: x-small; line-height: 115%;"><i>em Naufrago, <o:p></o:p></i></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<span style="font-size: x-small; line-height: 115%;"><i>depois que o Wilson se perdeu.<o:p></o:p></i></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<span style="font-size: x-small;"><br /></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<span style="font-size: x-small; line-height: 115%;"><i>Felizmente, dá pra parcelar em até 12
vezes, sem juros,</i></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<span style="font-size: x-small; line-height: 115%;"><i>Wilsons na Yamada.</i><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: left;">
Acho que eu escrevo aqui agora mais por nostalgia e carinho do que por qualquer outra coisa mais relevante que justificasse, de fato, eu ainda escrever por aqui. Sei que a constância de leitores num blog depende, diretamente, da frequência com que ele é atualizado com coisas novas e o público deste aqui nunca passou nem perto de ser grande. Assim, dado o total desleixo e irregularidade com que posto no Vago, tenho consciência de que, se ainda vem alguém por essas bandas, é por acidente, não por constância ou esperança de encontrar novidades. No entanto, não tenho como desmerecer ou ignorar a importância deste espaço pra mim e acho, de verdade, que esta novidade merece estar primeiro aqui, não em outro lugar. </div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: left;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: left;">
Seguinte: juntei coisas que eu já havia escrito, desenterrei umas bobagens, escrevi outras inéditas, e, enfim, agora eu tenho poesias suficientes reunidas em algo que pode ser considerado um livro. O nome é "Aqui por acaso" e é cheio de despretensão, experimentalismo, gracinhas e outras coisas vagabundas. O poema aí de cima faz parte dele. Tô satisfeito com o resultado porque parei de me neurar querendo fazer algo super-fodástico-capaz-de-produzir-insights-revolucionários. São só ensaios, protótipos e micro-narrativas que não pretendem a seriedade. Combinei de mandar o original pra uma editora em janeiro. Vamo ver no que dá. Mantenho vocês (se é que vocês existem e não tô falando sozinho) informados. </div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: left;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: left;">
Ah! De vez eu nunca eu volto a postar aqui, prometo. </div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: left;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: left;">
Abraços.</div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: left;">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
TIAGO JULIO MARTINShttp://www.blogger.com/profile/17684305254094172062noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-8832031100585584943.post-82600490376195483402015-08-17T16:58:00.003-03:002015-08-19T13:52:40.469-03:00Chato.<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Eles estavam deitados, pós-gozo,
olhando as linhas paralelas do forro do teto, meio entediados, meio com sono.
Ela tinha a cabeça apoiada sobre o peito do cara e sua mão direita repousava
sobre o mamilo esquerdo dele. Ele acariciava algumas mexas do cabelo da garota
e brincava de fazer pequenos cachos os enrolando com o indicador. Estavam
sérios. O ventilador se virava, de um lado a outro, bambo, sem dar conta de
movimentar o ar o suficiente para romper a camada densa que se instalara no
cômodo. O som das palhetas rodando era o único que contrabalanceava o peso do
silêncio. Não havia barulho de trânsito fora, nem ruído doméstico dentro. Aconteceu
o seguinte:<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Ele: _ Melhor a gente não se ver
mais.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Ela: _ Concordo.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Ele: _ Não tô a fim de me
apaixonar por ti.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Ela: _ Oi!?<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Ele: _ Eu disse que não tô a fim
de me apaixonar por ti.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Ela: _ Que papinho de adolescente
pau no cu é esse?<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Ele: _ É sério.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Ela: _ Não tem como levar a sério
isso. Desculpa.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Ele: _ Tu não acredita que eu
possa me apaixonar por ti?<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Ela: _ Acreditar, acredito. Mas a
gente se apaixona, se desapaixona, é feliz, se fode, eticétera.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Ele: _ Então tu acha que eu devo
me apaixonar por ti?<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Ela: _ Só se tu quiser te foder.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Ele: _ Por quê?<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Ela: _ Porque eu não tô a fim de
me apaixonar por ti.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Ele: _ Que papinho de adolescente
pau no cu é esse?<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Ela: _ Tu não tá entendendo. Eu
não vou me apaixonar por ti, nem tô a fim de forçar a barra pra isso acontecer,
se é que isso é possível...<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Ele: _ Como tu sabe que não vai te
apaixonar por mim?<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Ela: _ Querido, confie em mim.
Não vai rolar, não rolou.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Ele: _ Foi porque eu disse que
tenho medo de me apaixonar por ti?<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Ela: _ Também... Mas,
principalmente, porque te achei chato.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Ele: _ Chato!? Como assim!?<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Ela: _ Não tô dizendo que tu é
chato. Disse que eu te achei chato. É só meu ponto de vista, tu não precisa dar
tanta importância pra ele.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Ele: _ Agora eu quero saber
porque tu me acha chato!<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Ela: _ Tá vendo? Por isso tu é
chato. Quer que eu te explique tudo.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Ele: _ Tu não acha que tu tá
sendo um pouquinho escrota? Tenho o direito de saber por que tu me acha chato!<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Ela: _ Tô sendo escrota, sim, mas
é pra evitar que tu te apaixone por mim e tal. Tô te prestando um favor, nem
precisa agradecer. E tu não tem direito a nada, antes que eu me esqueça. Eu
falo se eu quiser, o que eu quiser e não quero falar... Agora acho que tu
precisa ir embora.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Ele: _ Não, por favor... Deixa eu
ficar só mais um pouco...<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Ela: _ Cara, eu não gostei de ti!
Tu é masoquista ou alguma coisa assim? Não curto essas paradas, não. Por favor,
melhor tu ir.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Ele: (...)<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Ela: _ Tchau. Obrigada pela foda.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Aquele havia sido o segundo
encontro deles. A iniciativa de trepar, obviamente, havia partido dela, que
sugeriu assistirem um filme em sua casa com terceiras, quartas e quintas
intenções. Nunca mais se viram depois daquela noite. Ela não atendeu as ligações
dele e o bloqueou no WhatsApp. Ele passou quatro meses stalkeando o perfil dela
no Facebook, mesmo depois de também ter levado block lá. Criou uma conta fake
apenas para continuar acompanhando as postagens e ficar admirando as fotos da
moça. Os amigos dele precisaram aguentar semanas de lamentações e desabafos
dramáticos seguidos de porres babacas dignos de pena. Ele estava convencido de
que havia perdida a mãe de seus filhos e que nunca encontraria alguém à altura.<o:p></o:p></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Ele só superou a crise quando, atendendo aos
apelos de um conhecido em comum, a moça foi procurá-lo, cheia de dó. Ela sabia
o que fazer. Disse a ele que só o tratou mal porque, realmente, também estava
com medo de se apaixonar. Confessou que não queria se sentir tão vulnerável. Pediu
perdão pelo ocorrido. Era tudo mentira, mas o cara acreditou. Então, como ela
previa, ele se encheu de orgulho e disse que já era tarde demais, que não valia
mais a pena arriscar. Ela fingiu que lamentou, insistiu um pouco, mas o moço
estava irredutível. Não se falaram mais. Ele parou de stalkeá-la, se interessou
por outras mulheres. Depois, se vangloriou do que fez para os amigos que, por
pacto, jamais lhe revelaram a verdade. Entre os amigos dela, ele virou uma
piada pronta. E tudo acabou bem.<o:p></o:p></div>
TIAGO JULIO MARTINShttp://www.blogger.com/profile/17684305254094172062noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8832031100585584943.post-23157655711784737832015-07-31T12:39:00.002-03:002015-07-31T12:51:39.143-03:00Pra o caso de alguém me procurar aqui.Oi, tem alguém aí?<br />
Eu sempre digo que vou manter uma certa regularidade nas postagens do blog e sempre me contradigo. Vou parar de fazer promessas que não cumpro, já passei dessa fase.<br />
Então, agora eu tô escrevendo na <a href="http://obviousmag.org/">Obvious</a>, um site colaborativo muito legal que tá me dando uma visibilidade que eu nunca conseguiria ter com o Vago. Não tô querendo desmerecer o potencial do meu blogzinho, só tô sendo realista. A Obvious, só no Facebook, tem mais de 800 mil seguidores. Nunca conseguiria atingir um público tão grande através do blogspot.<br />
Preciso falar pra mais gente. Tenho que dar um jeito de ganhar dinheiro com as coisas que eu escrevo, urgentemente. Sério, isso é imperativo. Percebi que não vou ter satisfação profissional de outra forma. Pra isso, claro, preciso me tornar um escritor minimamente conhecido. Meu sonho é poder viver só das bobagens que eu produzo e conseguir remexer cada vez mais pessoas com as palavras. Acho que isso é meio ambicioso, ainda mais num país como o Brasil, mas não vejo possibilidades práticas de ser feliz de outra forma, sinceramente. A única coisa possivelmente rentável que eu gosto de fazer é escrever. Eu sinto que eu sei fazer isso e que tenho coisas importantes pra falar. Mas, enfim.<br />
Meu último post na Obvious foi esse aqui, ó:<a href="http://obviousmag.org/mapas_do_acaso/2015/o-que-eu-aprendi-com-a-loucura.html"> http://obviousmag.org/mapas_do_acaso/2015/o-que-eu-aprendi-com-a-loucura.html</a><br />
Falo dos meus surtos psicóticos e de como eles me ajudaram a crescer. É meio que um "aperitivo" pra o meu livro (não, ainda não sei quando será publicado [quem me perguntou? Não sei]). Não sei se ainda tem gente acessando diretamente a página do Vago, mas, se tiver, é isso aí. De novo, se quiserem me adicionar no Facebook, fiquem à vontade: <a href="https://www.facebook.com/tiagojuliom">https://www.facebook.com/tiagojuliom</a><br />
É isso. Espero que gostem.<br />
Não vou abandonar o blog, de jeito nenhum, e, logo logo, posto algo inédito por aqui.<br />
Até lá, até logo.TIAGO JULIO MARTINShttp://www.blogger.com/profile/17684305254094172062noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-8832031100585584943.post-53731026636603690252015-07-24T12:30:00.000-03:002015-07-24T12:32:22.599-03:00O Gerador de Improbabilidade Infinita<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Começa com uma página em branco e
um cursor piscando. É mais ou menos assim. Quase sempre. Aos poucos,
adicionamos letras, sílabas e palavras pra preencher espaços depois de espaços.
Inventamos sons imaginários. Temos a necessidade básica de deturpar o silêncio
e nos impor sobre o vazio. O nada incomoda. Devemos preenchê-lo com nós. Eu me
viciei, particularmente, em fabricar máquinas verbais microscópicas capazes de viajar
com sinapses e intuir pensamentos. Eu
trafego pelos vãos da memória recente e substituo informação por sensação. Não
é um trabalho fácil e exige certa técnica. Alguns excessos ficam pra trás,
pedaços de mim que são reciclados e viram adubo orgânico. Não me importo de me
perder um pouco por uma causa nobre. A linguagem foi violentada por sentidos
óbvios. Está traumatizada. É preciso curá-la. É necessário dar forma à
incompreensão e divagar, principalmente, sobre coisa alguma. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
O niilismo é subvalorizado e não
há critérios pra justificar tamanho descaso. O mundo está cheio de certezas vãs
que pré-fabricam pontos de vista e despersonalizam ideias originais. Só a
dúvida é redenção. Só através das improbabilidades alcançaremos percepções
relevantes. O medo cega. O medo é nocivo e deve ser expurgado. É o mesmo medo
que sentimos diante da página em branco. É o medo do que nós não sabemos: o
mais primitivo e perigoso já nos imposto pela natureza. Brincando com as
palavras, descobri que não saber não é necessariamente ruim. Abraçando o
mistério, adquirimos uma liberdade irreprimível que não cabe sob as amarras de verdades
incontestáveis. Este é o verdadeiro poder das palavras: confrontar crenças
inabaláveis e oferecer visões novas capazes de alterar a relação com a existência.
Só as palavras salvam. Repito como mantra pra não esquecer a responsabilidade e
a dádiva que carrego. Eu sou um fazedor de mundos. <o:p></o:p></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: x-small;"> “Só uso a palavra para compor meus silêncios.”<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: x-small;">Manoel de Barros</span></div>
TIAGO JULIO MARTINShttp://www.blogger.com/profile/17684305254094172062noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-8832031100585584943.post-74757860107028437702015-06-19T14:03:00.001-03:002015-06-19T14:07:10.862-03:00Visão.<div style="text-align: justify;">
Era uma paisagem de palavras que eu percorria com pés cautelosos, com receio de desfigurar
imagens verbais e desordenar a métrica imposta pelo acaso. Sempre ele, o acaso, me servindo de
guia espiritual, guru, gênio da lâmpada e maestro, orquestrando involuntariamente meu destino.
Meu destino, aliás, não dura dois parágrafos. Ele é matéria disforme, produto mutante, que, ao
invés de gerar resultados, se recria infindavelmente em improbabilidades a perder de vista. Esta
é mais uma delas. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Era um mosaico de letras que, dependendo do ângulo, fazia as vezes de um caleidoscópio
multicolorido, como uma câmera escura geneticamente modificada pra explodir em feixes de
fótons. Tinha o ritmo certo pra possibilitar uma leitura mental cadenciada e harmônica, uma
melodia delicada que emocionava até os corações mais duros, calejados de forma incorrigível por
certezas pré-fabricadas e egoísmos diversos. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Era um hino capaz de fazer conservadores bradarem a favor do amor livre e socialites
amarguradas desenvolverem, milagrosamente, doses de empatia e bom senso. Era uma revolução
íntima, sem freios ou rédeas, que levava à iluminação, ao nirvana, à graça. O texto que
vislumbrei curava chagas, fomes e pobrezas, do corpo e do espírito. Era uma revelação contrária
àquela dada a João, pregava o amor à destruição, a conciliação ao castigo, a felicidade à
renúncia. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
No fim das contas, não consegui. Nem cheguei a tentar, pra ser honesto. Morreu bebê prematuro o
poema mágico que, por inabilidade e inexperiência, eu não pude decifrar e recompor. Legiões
permanecerão sofrendo por minha culpa. É minha a responsabilidade por ser viciado em
procrastinação e adepto da preguiça. Quando vi que teria que escrever duzentas folhas só de
introdução, decidi que era mais prudente deixar pra alguém mais nobre a competência de salvar o
mundo por meio da arte. Podem me condenar. Apesar de megalomaníaco, não sou tão vaidoso e dá
muito trabalho entrar pra história. Alheio à tentação sórdida dos que pretendem imitar os grandes
mártires, prefiro o anonimato inocente reservado aos vagabundos.</div>
TIAGO JULIO MARTINShttp://www.blogger.com/profile/17684305254094172062noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-8832031100585584943.post-91318809111102270112015-06-14T12:31:00.001-03:002015-06-19T14:12:31.478-03:00Desculpa P/ Sujar Papel.Foi assim que me ocorreu:<br />
como um espirro fruto
de uma gripe rara, dessas<br />
que dão em bicho ou levam
letras do alfabeto<br />
por serem
inclassificáveis de outra forma.<br />
Foi assim que me ocorreu:<br />
instantâneo, irreprimível e veloz,<br />
como um susto, desses<br />
que curam soluços ou matam<br />
do coração.<br />
O poema me tomou pelas<br />
mãos e me trouxe até<br />
aqui, lugar-nenhum,<br />
em que crio artifícios e<br />
artimanhas para selar<br />
um pacto, em que troco<br />
versos pobres por sorrisos,<br />
forçados ou sinceros.<br />
Tanto faz, como tanto fiz.
TIAGO JULIO MARTINShttp://www.blogger.com/profile/17684305254094172062noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-8832031100585584943.post-25062796231253600042015-05-14T18:00:00.003-03:002015-05-15T12:40:45.977-03:00Conto de Fadas.De lado, com a cabeça mergulhada no vão que separa a cama da parede, desfiz o mundo. Era uma noite quente de verão, dessas em que os carapanãs atacam sem pena e ventiladores parecem objetos inúteis. Cheirando o ar frio que subia do chão, eu me coloquei a tecer enredos mentais enquanto o suor brotava indiferente nos meus poros. Estava sonolento e cansado, o calor era nauseabundo. Decidido a criar uma solução prática pra minha insônia, porém, dei a imaginar desvarios. Com a força relutante do pensamento, quebrei certezas, desvirtuei lógicas, intui improbabilidades, degenerei a razão e fiz um pacto com o absurdo. Passeei por campos empestados de unicórnios onde nereidas se banhavam em riachos e elfos tocavam arpa sob as árvores. Hobbits corriam atrás de hipogrifos selvagens e fadas se ofereciam sem pudor a ogros e bardos, ninguém as julgava. Gnomos e duendes disputavam torneios de pesca e minotauros faziam as vezes de juízes. Princesas pós-modernas tocavam em bandas rock e os mais belos príncipes encantados lavavam pratos e cozinhavam javalis. Havia uma alegria pulsante na floresta que inventei e tudo era sereno e honesto. Na ânsia de compensar frustrações, criei uma realidade efêmera onde a magia era Lei e a ordem era, precisamente, mandá-la pra puta que o pariu. Os seres do meu reino encantado viveram contentes e satisfeitos até, enfim, eu pegar no sono, matar a todos e reservá-los um memorial meia boca que não faz jus a sua grandeza. Mesmo no desvario, a vida real sempre dá um jeito de nos jogar cara que ela impera, que a verdade do que é concreto, mesmo dúbia, ainda prevalece.TIAGO JULIO MARTINShttp://www.blogger.com/profile/17684305254094172062noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-8832031100585584943.post-50356232131723933292015-04-19T12:07:00.000-03:002015-04-19T12:09:09.162-03:00Memorial das Dores Ignoradas.Tô à margem. Eu fui pra muito distante. É inútil me estender a mão. Tô tão longe que ninguém pode me ver bem. Enxergam só um vulto magro. Daqui eu devo parecer aceitável. É solitário. Meu peito pesa um elefante. O ar é rarefeito. Meus pulmões estão obstruídos. Dói uma dor frágil e latente. Me sinto um fantasma e essas coisas não deveriam me incomodar. Minha cabeça tonteia a esmo. Não faço conexões lógicas com o real. Eu me perdi há muito tempo. Acho que foi na época em que correr ainda era bom. Quando eu era criança, eu era quase feliz. Fui crescendo errado até me tornar uma casca oca que não reverbera nada. A melancolia reivindicou posse do meu ser. Visto uma máscara com traços carregados de culpa e ingratidão. Só percebo o caos. Eu me afogo no caos. O caos me entranha. Ele tem gosto de sangue. Há cicatrizes invisíveis nos meus antebraços. Há marcas profundas sob minha pele. Sinto falta da esperança ingênua da loucura. A química que a inibe não me ajuda. Eu creio que nada pode me salvar. Nada pode fazer com que eu me acostume a mim. Tô muito cansado. Sou uma criança mimada, assustada, com medo da vida. Eu enceno atos de uma peça que não é a que escolhi pra mim. Existir é um mistério grande demais pra eu suportar. Eu tento me perpetuar em memórias porque não tolero o presente. Não consigo dividir comigo o mesmo lugar no tempo e no espaço. Talvez eu queira gritar por socorro, mas desaprendi a falar. Só sei escrever. Me viciei em palavras. Elas me enganam e me traem. Eu não revido. Cada vez faço menos barulho. Tô treinando pra o meu silêncio. Vou morrer numa overdose de poesia ruim. É clichê o meu drama. Quando eu for embora, quero deixar de herança saudades e sorrisos tristes. TIAGO JULIO MARTINShttp://www.blogger.com/profile/17684305254094172062noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-8832031100585584943.post-53971316872266638182015-04-09T14:47:00.001-03:002015-04-09T14:47:58.092-03:00Estrangeiro.Dentro de mim mora um estrangeiro. É um apátrida, um outsider, um extraterrestre fugitivo de um planeta condenado por uma peste incurável. Aceitei carregá-lo por comiseração e respeito. Sou sua casa e seus sentidos. Desde que nasceu, ele não se habituou à materialidade das coisas e à concretude do passar do tempo. Dentre outras coisas, estranha aglomerações, dias quentes, conversas de trabalho, smartphones e a tolerância à rotina. Por vezes, posso senti-lo tateando minhas veias, órgãos, arrastando os pés nos meus vãos, olhando fixamente para pontos estáticos através das minhas retinas. Ele ainda não está convencido que a realidade é uma possibilidade razoável. Seu passado invade seu presente que se sobrepõe rápido ao futuro, esvaindo-se depressa. Segue atônito impelido por uma força maior que sua vontade. Há noites em que os sonhos lhe parecem mais sólidos e aceitáveis que a vigília. Crê que, a qualquer momento, acordará em outro lugar, em outro corpo, e descobrirá que suas memórias eram apenas ilusões. Ele desconfia de gostos e de falas, acha inaceitável a indiferença ao absurdo do mistério que é estar vivo. Aos poucos, aprendi a compreendê-lo e a valorizar sua ignorância. O estrangeiro tem olhos de criança e cabeça de velho e, por esta sina, o mundo lhe parece uma hipótese incompleta, portanto, impraticável. Um dia, ele vai aprender a relevar suas dúvidas e a fragilidade que sustenta o caos necessário para a vida funcionar. Um dia, seus olhos envelhecerão e o estrangeiro descansará.TIAGO JULIO MARTINShttp://www.blogger.com/profile/17684305254094172062noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-8832031100585584943.post-3161605508283255762015-03-21T12:51:00.001-03:002015-03-21T12:52:25.958-03:00Miragem.É teu mistério, agora compreendo. É o não saber, são as possibilidades da dúvida, são os riscos e encantos do desconhecido. Eu te espio por uma fresta aberta a golpes de machado e tu estás sob uma redoma de cristal em um castelo amaldiçoado. Tu entendes o que eu quero dizer? Tu és o número 42 e eu levei milhões de anos pra te descobrir. Tu és uma fenda na linha contínua do espaço-tempo, um buraco negro no qual eu me lancei e me esqueci, por descuido, de voltar. É o cheiro que eu inventei pra ti, que parece perfume barato, adocicado, com frescor de chuva. É, sobretudo, teu gosto que eu desvendo deduzindo improbabilidades e tateando incoerências. Eu quero te conservar suspensa na minha imaginação, onde teu nome ganha formas e cores infinitas, muito maiores do que as que tu sustenta. E é por isso que eu não vou te comer tão cedo, Nutella. Eu duvido que teu sabor supere tua fama. Além do mais, um potinho teu é um absurdo de caro pra um mero chocolate. Sou acomodado demais pra ir atrás de desvelar mentiras bonitinhas.TIAGO JULIO MARTINShttp://www.blogger.com/profile/17684305254094172062noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-8832031100585584943.post-21279346770712016772015-03-16T09:29:00.000-03:002015-03-16T09:29:39.561-03:00Cuspe à Distância Foda-se o lirismo piegas e o drama carregado de clichês. Foda-se o eufemismo e as coisas meio ditas. Foda-se o medo das palavras e a ignorância voluntária. Foda-se a insensatez e a falta de bom senso. Foda-se tu e tuas limitações irritantes. Tu é tão banal que me dá asco. Tua simplicidade me enoja e tua falta de jeito me dá pena. Tu é tão comum que eu poderia encontrar mil iguais a ti, caso eu me desse ao trabalho de procurar. Tu é tão limitada que não consegue entender ironias ou detectar o menor sinal de sarcasmo. Tu não entende metáforas ou comparações ou a mim. Tuas maneiras são rudes e teus modos, vergonhosos. Tua insegurança é infantil e digna de exorcismo. Tua vaidade narcisista me causa náuseas e ânsias de vômito. Tua figura me provoca raiva e teus gostos me envergonham. Eu me indigno com a tua presença no mundo e com a tua displicência aos teus efeitos. Eu te culpo, sim, pela minha raiva, pela minha frustração e, sobretudo, pela minha teimosia. Eu queria ter ímpeto pra te arrombar a casa e te obrigar a me ouvir. Eu queria ter coragem pra te confrontar e te humilhar, te pisar, te dar o que eu mereço. Eu queria embaralhar tuas sinapses e me colocar no teu cérebro à força. Eu queria arrancar teu coração do peito e exibi-lo na estante. E eu te amo.TIAGO JULIO MARTINShttp://www.blogger.com/profile/17684305254094172062noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-8832031100585584943.post-32891986638260760152015-03-10T12:17:00.001-03:002015-03-10T12:18:48.104-03:00Exagerado.<iframe width="100%" height="166" scrolling="no" frameborder="no" src="https://w.soundcloud.com/player/?url=https%3A//api.soundcloud.com/tracks/195182696&color=ff5500&auto_play=false&hide_related=false&show_comments=true&show_user=true&show_reposts=false"></iframe>TIAGO JULIO MARTINShttp://www.blogger.com/profile/17684305254094172062noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-8832031100585584943.post-82568910157972894162015-02-20T19:33:00.001-03:002015-02-20T19:33:54.202-03:00Desnó Da Garganta.Toda poesia reprimida<br />
Fertiliza memórias tristes<br />
Vira engodo em noites de insônia<br />
Vira monstro dentro do armário<br />
E é por isso que escancaro o peito<br />
Para gritar para quem quiser ouvir:<br />
Sim, o poema é possível sem arestas<br />
Os versos são soltos por direito<br />
E a poesia é alegre e livre<br />
Como um balão de gás, no formato do Pikachu, que se desprendeu<br />
das mãos de uma criança descuidada<br />
e passou a enfeitar o céu.TIAGO JULIO MARTINShttp://www.blogger.com/profile/17684305254094172062noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-8832031100585584943.post-61091333136346031472015-02-13T15:07:00.000-03:002015-02-13T15:07:55.454-03:0020º Dia de Afastamento. Meu corpo pede descanso. Minha cabeça está cansada dela mesma. Eu estou tentando me levantar de novo, eu sinto que já deveria ter aprendido como se faz. O futuro me apavora e eu tenho medo dos dramas que eu crio pra mim. Estou desorientado e preciso lutar contra forças internas mais fortes que minhas pernas. Mas eu vou ficar bem, é o que me garantem. Só não sabem precisar quando. Meu coração pesa duas toneladas e meia. Estou cheio de vazio. Hoje chorei na sala da psicóloga e tive ataques involuntários. Ela disse que esse é meu inverno e que depois vem a primavera. Tem alguém me ouvindo? Tudo isso é tão deprê. Queria falar da beleza da vida, fazer graças com as palavras, juro, mas meus olhos estão quebrados. Eu tenho que me reconstruir e, nossa, como isso é trabalhoso. Meu blogzinho é meu único meio de desabafar sem eu me sentir culpado por estar choramingando à toa. Tem alguma coisa muito errada comigo e a culpa disso é só minha. Queria ter um abridor de amanhecer e um esticador de horizontes. Queria ter de volta a paz que eu perdi. Não é sereno ser eu. Eu dificulto tudo. Não está sendo fácil.TIAGO JULIO MARTINShttp://www.blogger.com/profile/17684305254094172062noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-8832031100585584943.post-11069292789981293062015-02-01T19:15:00.001-03:002015-02-01T19:15:17.092-03:00Tampas de caneta Bic.Todas as coisas que se perdem nas mudanças entre casas,<br />
no fazer e desfazer malas de viagens,<br />
nas trocas de bolsas, mochilas, pastas e estojos<br />
todos os objetos que trocaram de lugar, todas as coisas sem volta, todas as coisas que revogaram sua posse:<br />
São coisas irremediáveis,<br />
que a gente perde e depois, displicentemente, se esquece de procurar.<br />
São coisas escondidas debaixo do tapete, nas frestras das paredes, nos vãos dos vincos do tempo,<br />
e é pra lá que todos nós vamos, um dia.TIAGO JULIO MARTINShttp://www.blogger.com/profile/17684305254094172062noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-8832031100585584943.post-18714265844676750182015-01-24T09:15:00.001-03:002015-01-24T09:15:57.206-03:001º Dia de Afastamento.<div class="MsoNormal">
Eu sou um náufrago vítima na minha própria tormenta. Eu
desaprendi a nadar. Há sobreviventes que me cercam, que me ajudam, mas eu teimo
em não acreditar em anjos. Estou perdido. Uma sentença fácil e óbvia, mas que se
desvela em centenas de intepretações erradas e sem conjuntura. Enxergo vultos a
minha volta. Estou fraco e mais frágil que um floco de neve. Meu contexto é o
da perda de referências, a perda de padrões e pontos seguros. Desaprendi a
fazer o que me faz bem, o que me promove e me dá reconhecimento. Pior que
desaprendi: não gosto mais. Não sei como aconteceu, foi um processo rápido que não consegui acompanhar. Esqueci como é bom divulgar algo relevante. Eu não tenho
muito interesse no sucesso, mesmo no micro sucesso, quando a voz não vem de dentro.
Eu fui desaparelhado para sentir vaidades. Não é questão de ser humilde, mas de
ser sensato. Elogios não mensuram valores, o reconhecimento deve ser sutil para
ser honesto. Mas nem ele está me mantendo no chão. Meu chão movediço. Meu chão
de pedras-lascadas. Preciso sentir tesão pelo que eu faço novamente. Preciso encontrar um novo norte, uma nova forma de expor o
mundo, uma forma que dependa mais de mim e menos dos outros. Escrever,
escrever, escrever, todo dia escrever me intoxicou. Estou doente de palavras, de
pronomes, verbos, personagens, falas, ligações incompletas, bolos, deadlines. Meus
poros doem. Eu estou ciente da minha loucura. Estou sendo ingrato, injusto e
irresponsável com tanta gente que me dá vergonha de lembrar. Tanta gente que
acredita em mim, no quanto sou capaz, responsável, útil, mesmo enquanto eu não
acredito. Eu não acredito. Só vislumbro algo melhor. Vislumbro de tão longe que
mal consigo ver. É quase uma miragem. Preciso de dinheiro. Realmente preciso. Preciso de paz.
Preciso de paciência. Preciso de calma. Não sei até que ponto a minha bipolaridade
tem culpa. Não sei se voltei para a parte depressiva da doença. Preciso
resistir. Por mim, por todos, por vocês. Os dias continuam difíceis para os sonhadores.
Hoje, queria fotografar esse senhor aí de baixo novamente. Queria registar ele
sem precisar saber quem ele é. Queria registrar as coisas com mais
despretensão. Talvez, elas me fariam melhor. Eu me cobro além do normal. Não
quero fazer qualquer coisa que não seja diferente, minimamente novo. Eu sei que
eu sou pretensioso falando assim, mas eu prefiro soar arrogante a ser medíocre.
Fotografia pode ser um caminho até eu conseguir trabalhar com cinema. Eu não
sei se é viável. Eu não sei se é seguro. Eu sei de tão pouca coisa que sinto
minha cabeça flutuar. Estou com medo que ela voe novamente e, por isso, me
afastei do trabalho. Preciso de ajuda. Sinto que estou alheio, estranho, confuso.
Acho que não aprendi a crescer no final das contas. Continuo um adolescente mimado que não lida bem com frustrações. A culpa é toda minha. Toda.</div>
<div class="MsoNormal">
Obrigado por me ouvirem. Eu precisava desabafar e não quero mais cansar os
ouvidos da minha família e dos meus amigos. Vocês são meus fantasmas favoritos. Abraços.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://4.bp.blogspot.com/-MCtPvIYG3n0/VMOJVXbIaeI/AAAAAAAABMc/OeDGxT08szo/s1600/992.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://4.bp.blogspot.com/-MCtPvIYG3n0/VMOJVXbIaeI/AAAAAAAABMc/OeDGxT08szo/s1600/992.jpg" height="640" width="427" /></a></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
TIAGO JULIO MARTINShttp://www.blogger.com/profile/17684305254094172062noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-8832031100585584943.post-82433368351663358402015-01-16T11:15:00.002-03:002015-01-16T17:12:13.081-03:00Cabeça de VentoMinha cabeça é um dilúvio<br />
praias de Mosqueiro revoltadas comendo muros de arrimo<br />
manada de periquitos fazendo zona de tardinha<br />
criança de quatro anos perguntando sobre Deus<br />
a música menos pop e mais escrota dos Beatles<br />
a música mais brega do Legião Urbana<br />
um poema despretensioso do Manoel de Barros<br />
a mulher que vê no livro do Saramago<br />
uma passagem bíblica que fala de amor<br />
incontáveis cartelas de remédios psiquiátricos<br />
paraquedista, palhaça e rockstar frustrada<br />
livros rejeitados por humanos, mas queridos pelas traças e ETs<br />
Caverna do Dragão, Cavalo de Fogo e o diário do Doug Funnie<br />
o Missingno do Pokémon Azul e Vermelho<br />
<br />
Às vezes, minha cabeça fica em promoção: 99% de desconto!<br />
Mas eu não quero pagar de novo pra ver o que acontece se eu tirá-la de cima do pescoço.<br />
Porque ela voa, voa, voa, voa...TIAGO JULIO MARTINShttp://www.blogger.com/profile/17684305254094172062noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8832031100585584943.post-32291201889838609652015-01-09T16:59:00.002-03:002015-01-09T16:59:51.851-03:00Um Pé De Quê.Poesia é fruta que dá em árvore alta<br />
Um poema demora léguas pra amadurecer<br />
Sou afobado e não espero eles voarem<br />
Prefiro escalar, subir até seus galhos<br />
Eu opto pelo risco da queda em falso<br />
Faço ménage com o perigo e a dúvida<br />
<br />
As letras que busco maturam em mim<br />
Tímidas, elas amolecem à minha vista<br />
Exalam cheiros enquanto viram palavras<br />
A poesia crua desregula os sentidos<br />
Faz a vida ser possibilidade razoável<br />
Faz a gente falar como os passarinhosTIAGO JULIO MARTINShttp://www.blogger.com/profile/17684305254094172062noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-8832031100585584943.post-56571754738326758662015-01-04T21:35:00.001-03:002015-01-05T12:27:39.002-03:00Forma à forma.<div style="text-align: justify;">
É feito de verbo de ação o meu pensar. </div>
<div style="text-align: justify;">
Não tenho tempo para os trâmites da vida prática. </div>
<div style="text-align: justify;">
Eu me decreto o agora. </div>
<div style="text-align: justify;">
Tenho urgências que não cabem por esperar. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Minha matéria-prima são expectativas ansiosas por transcender. </div>
<div style="text-align: justify;">
Não possuo ligação objetiva com o real. </div>
<div style="text-align: justify;">
Meu compromisso é com a palavra. </div>
<div style="text-align: justify;">
Eu me reconheço ser vivente condicionado à distribuição de letras. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Eu morro nos pontos finais. </div>
<div style="text-align: justify;">
Eu renasço a cada nova projeção de sentido. </div>
<div style="text-align: justify;">
Não conheço limites claros. </div>
<div style="text-align: justify;">
Prefiro o limiar. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Estou na borda. </div>
<div style="text-align: justify;">
Eu sobrevivo por entre. </div>
<div style="text-align: justify;">
Me interesso pelo já. </div>
<div style="text-align: justify;">
Renego o pretérito. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Passeio pelo sobre. </div>
<div style="text-align: justify;">
Caminho para quando. </div>
<div style="text-align: justify;">
Estou em onde. </div>
<div style="text-align: justify;">
Sou aqui.</div>
TIAGO JULIO MARTINShttp://www.blogger.com/profile/17684305254094172062noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-8832031100585584943.post-41016028105177069332014-12-29T12:01:00.002-03:002014-12-30T17:30:48.293-03:00Aparição.Fotos são tempo enclausurado<br />
Pedaços de passado fragmentados<br />
Videos são unidades maiores<br />
Todos, um dia, seremos apenas fotografias<br />
Quem tiver sorte, também será alguns frames nostálgicos<br />
<br />
Somos breves<br />
Sobreviveremos em papeis fotográficos apodrecendo,<br />
Em bytes de super servidores escondidos pelo Google ou sei lá quem,<br />
Em HDs, Pen Drives, oxidando devagarzinho<br />
<br />
Uma vez eu fotografei um unicórnio<br />
Mas a luz não reflete em unicórnios<br />
Eles têm luz própria e o sensor da minha câmera não o reconheceu<br />
Fotografei o invisível e o guardei<br />
Ninguém entende a minha fotografia<br />
É difícil decifrar o tempo.TIAGO JULIO MARTINShttp://www.blogger.com/profile/17684305254094172062noreply@blogger.com2