domingo, 19 de outubro de 2008

A Estrada Só De Ida Para A Metafísica Surreal.

Ela recusou-se a abrir mão dos sonhos de infância
Desde menina era curiosa e destemida
Passou a cultivar piedade, caridade e desconfiança
Por todos que não conheciam o sabor
De entrar na realidade a ponto de perder
A noção de onde começa e termina uma cor
E depois voar como se não fosse feita de átomos.

Ninguém entendia a menina rindo sozinha
Ria porque não sabia o que via
O primeiro caleidoscópio
Foi presente do melhor amigo
Luzes multicoloridas e texturas dissolvidas
Brincando com princesas prostitutas,
Fadas assassinas e centauros suicidas

Ela mergulhava num mar denso de alegrias
Visitou Atlântida com os seus pulmões e bolsos apertados
Comprou a amizade de sereias cretinas e tritões tarados
Mas aí o ar e a grana acabaram
E ela desaprendeu a andar e voar e nadar
Enquanto os outros lutavam para salvá-la
Ela só queria se afogar

Então ela ultrapassou suas fronteiras mais remotas
E lá se foram os ares, os chãos, os tempos e as vidas
Agora ela desliza entre notas distendidas
Dançando lépida ao som de melodias esquisitas
Lá onde moram os deuses esquecidos e os bons espíritos
Olhando por àqueles que suportam com coragem a realidade.









É, é uma música.
Não iria postar isso, mas, talvez, ainda haja quem entre aqui esperando ler coisas novas.
De uns tempos pra cá alguma coisa desbloqueou na minha cabeça (ou alguma entidade baixou em mim) e aprendi a trabalhar melhor com versos e rimas.
Já compus treze músicas, quem sabe gravo e coloco aqui um dia. Só preciso encontrar um baixista, um guitarrista, um tecladista e um bateirista que estejam dispostos a fazer um som experimental, tipo bossa nova psicodélica ou coisa do tipo. Facílimo.
Interessados favor enviar currículos. ;)

8 comentários:

Bruna Uliana. disse...

Wow! Você escreve muito bem, algo que, confesso, eu não esperava. :3
Eu já passei por esse tipo de coisa, parece um "bloqueio intelectual", eu não conseguia escrever nada que me satisfazesse. hahaha. Mas passa. :)
E a sua música ficou muito boa, eu gostei, você parece que brinca com as palavras, haha.
E me identifiquei com a garotinha em alguns versos.
:*

Érika Amaral disse...

Precisa de tecladista? Posso eu?

Filipe Garcia disse...

É, meu caro Tiago, devo confessar que a música ainda não chegou aos meus ouvidos, mas a poesia está completa. Fiquei curioso para saber como ficariam os versos cantados. Tá bonito isso aí. História nossa de desentendimento com as coisas deste mundo, caminhos errados que vamos buscando, querendo a felicidade. E, assim, sem querer, topamos com ela na esquina mais imprevista.

Abraço.

TIAGO JULIO MARTINS disse...

Tenho andado tão longe do chão...

Anônimo disse...

"Olhando por àqueles que suportam com coragem a realidade."


só tenho um comentário a fazer:
PUTA QUE PARIU. Muito bom!

Sidereus Nuncius disse...

os versinhos do grande poeta Árvores de Azevinho são várias vezes mais legais u_u
*estala*

Anônimo disse...

ai, ai, nunca sei o que dizer,


mas posso tocar apito se precisares

Anônimo disse...

Que intenso!