quarta-feira, 4 de junho de 2008

Não ser.


Enterrei em algum canto secreto e longínquo, pedaços de alguém.
Os vestígios se separam em atos prontos, as ações são junções de falsetes. O ensaio deixa de ser uma peça, e transforma-se em conseqüência da solitude. Retraimento, antes detalhe material, é equivaler a camadas cada vez mais espessas: suportar distrações fúteis e medíocres e cegar, e chorar diante do abalo que é enxergar.
Perder-se de si em si na passagem instantânea do tempo. Suprimindo juízos, sensos, sentidos, falas desconexas, desvios de inconsciência, sentimentos. O risco é abolido, e o que sobra é parte do futuro.
E quando o tempo for ameno e palpável, nas horas em que a solidão for um pormenor físico e intensamente apreciável: transfigurações imateriais e gêmeas de consciências únicas que se elevam destroem o paradoxo surreal que é sentir-se só, o esquecimento passar a ser vivido.
O ímpeto de ser, fortifica toda a incompletude.
Vasculho a terra infértil, e da essência mais fundamental e límpida ressuscito um desmemoriado clandestino.

7 comentários:

Sidereus Nuncius disse...

eu gostei da imagem...apesar de, a primeira vista, não ter relaçao com o texto...de qualquer forma tá cada vez mais "vago"

Be disse...

O Amor é assim também.
Frio,gelado,cinza e pouco acolhedor.
Como a foto.

E Amor é,
também,
caloroso,urgente,necessário,mesmo no improvével de um "abrir mão".

Senti isso,
e gostei.

taís monteiro disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
taís monteiro disse...

A solidão tem tanto vazio, vácuo... estar só é paradoxalmente confortável e enjoativo.
a vida se tranforma, tudo muda;
pelo menos você consegue enterrar, significa que aquilo estava morto, eu luto pra enterrar e por mais que tente a coisa sempre sai andando atras de mim.

Bernard Freire disse...

Sentimentos, sentimentos...

Voltando a ativa!!

paula disse...

eu discordo que o texto é vago e que não tem relação com a imagem. enxergar é um baque mesmo e se o olhar continua igual pode-se ficar preso a uma angústia, a uma memória ou a um acontecimento por dias, meses, anos. "perder-se de si em si na passagem instantânea do tempo" é o jeito de não se fechar pra outras perspectivas.
eu li assim, pelo menos.

paula disse...

eu discordo que o texto é vago e que não tem relação com a imagem. enxergar é um baque mesmo e se o olhar continua igual pode-se ficar preso a uma angústia, a uma memória ou a um acontecimento por dias, meses, anos. "perder-se de si em si na passagem instantânea do tempo" é o jeito de não se fechar pra outras perspectivas.
eu li assim, pelo menos.