Com a vela da nau quebrada,
velejei por águas perigosas antes de pisar em terra firme. Com o mastro quebrado,
o lastro a bombordo penso, meu navio chegou mal tratado à praia. Velejando
solitário, não reconheci palmeiras tropicais, o rosto dos nativos e a própria
areia fofa preenchendo minha bota furada. Me preocupei ao estranhar o mundo de
forma tão aguda. Era como se meus olhos já não fossem meus. Era como se tivesse
morrido no mar, entre a fúria de Poseidon e os encantos de Iemanjá, e apenas
meu espírito ressurgido tivesse chegado ao continente. Já não sabia,
exatamente, quem era eu, perdido entre o marujo que saiu do porto e o pirata
que venceu a tempestade. Felizmente, eu continuava não gostando de açaí. Há
coisas que nunca mudam.
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