terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Não coloco título porque foi instintivo e expontâneo demais escrever isso. Às vezes, me sinto como se sentisse que se sentia o Chico Xavier. (:
Sinceramente, pra mim, não tem um sentido completo. Falo mesmo.



A gente fica assim, com jeito de quem não consegue dormir à noite. Daí, sem ter como te explicar, num momento de distração, entre um pensamento e uma idéia absurda, a noite entra na gente. Então, eu sinto a noite dentro de ti e me refugio no teu escuro. Mas tu és tão boba cultivando receios de menina...
Tu quase choras com medo de ti. Quase ouço tuas lágrimas rolarem amplificadas pelo breu. O escuro, de repetente, transforma o silêncio em barulhos palpáveis. Eu toco teus segredos escondidos no escuro, aí descubro que tua bobeira é justificável. Ainda assim, tu és tão menina cuidando de ti com esse teu exagerado zelo idiota...
Ah, se tu conseguisses te enxergar como eu te vejo agora. Teu maior medo é te enxergar dentro da tua noite. Já me sinto à vontade dentro de ti, livre pra te reorganizar internamente, pra ser tua cura. E a noite dentro de mim, é só uma extensão de ti.
Nós, querida, nós somos duas mentes doentias colhendo poesia com os olhos e tentando desesperadamente definir o que sentimentos com palavras sem elo e verbos poderosos enquanto, frustrados, gritamos agonias aos quatro cantos. Nós somos pobres coitados atormentados por ataques de lirismo barato enquanto mordemos nossas línguas desgastadas de tanto falar merda.
Continuas assim, me olhando intrigada tentando ver dentro dos meus olhos mareados e sonolentos, mas não vês nada: ou porque tu és muito menina, ou porque meus olhos estão tão desajustados que refletem a luz tanto quanto captam. Meus olhos são inúteis dentro da noite, e os meus olhos são a tua noite.
Assim, ainda que minha busca de tentar te desvelar seja vã, mesmo que eu me perca em teus encalços desconhecidos e nos ímpetos que despertas, e, se eu te entender, ainda te veja padecer na incompreensão diante de ti mesma, ainda há tua meninice. Se restar tua meninice e a noite, brincamos, com o teu medo e o meu desespero, de construir sonhos.



Parece e, talvez, seja mesmo. :D

22 comentários:

Anônimo disse...

Ai, que lindo!

Acho que a verdade mesmo é que sempre há o que se buscar em olhares alheios, ainda mais daqueles que sentimos carinho. Sempre há o que se buscar porque sempre há o que se encontrar! Desvelar o outro ou desvelar a si mesmo...
Penso em mim. Tenho tanto medo do espelho e, ao mesmo tempo, busco ele no outro! rs...

Beijos menino corajoso! :)

Anônimo disse...

Ti, acho que eu acabei de me apaixonar por ti :)...tens uma alma linda, tens a alma de alguém que não se encontra tão fácil por ai, és sensível ao ponto de colocar em palavras o que eu por exemplo, só sei sentir...você pode achar exagero,mas você me emocionou como eu nunca mais tinha me emocionado! :)
Ass: Carol

Tati disse...

Eu falo sem medo de errar e vou ser curta e grossa: um dos textos mais lindos que já li. Apaixonei. *__*

Clareana Arôxa disse...

eu roubei esse texto, digo logo.

majv disse...

me identifico com os teus textos.

obrigado pelo elogio no blog.

André disse...

morri como há algum tempo não morria.

Entrelinhas disse...

Quisera eu encontrar essa cura para a noite que também me inunda de dentro pra fora e me turva os olhos... Ando cansada do escuro.

Tava com saudade de passar por aqui! O extratodemim.blogspot.com virou entrelinhasepensamentos.blogspot.com, mas o reporterdesandalias.blogspot.com ainda existe.

:)

Inté!

Su. disse...

Muito bom este texto, parabéns pelo blog. Bravo Poeta!

:)

Anônimo disse...

escrito em ritmo cardíaco, como já dizia o Thiago Tripé.

ótimo.
(:

Unknown disse...

cara... muito bom. :)

A Maya disse...

Olá.

Bem, na verdade faz algum tempo que não passo aqui. Ou melhor, que não comento...
ótimo texto, ótima escrita... mas acima de tudo, com uma delicadeza incrível, como há muito tempo não leio. Parabéns, teus comentários são dignos do texto.


Como diz Quintana, "Quem faz um poema salva um afogado", e, embora não tenhas usado da "forma" poesia, muita gente se salvou.


Até a volta.

delianne lima disse...

Eu gosto tanto do teu texto. De verdade, sempre que venho aqui me impressiono mais contigo.

Bárbara M.P. disse...

Que delícia de ler essas palavras.

Bledsoe disse...

aprecio muito as palavras que embriagam.

Unknown disse...

vou tirar.
besteira é porque seria dificil de comentar alguma coisa que não fosse besteira sobre o que eu escrevo. se não entendeu, ótimo. :)

Jaya Magalhães disse...

Vim digitar de olhos fechados, porque é pecado te ler sem estar preparada.

A questão: "deixo não". Era o teu comentário, lá.

Me explica?

o Cronista disse...

já escrevi sobre isso.

espero que não haja mortos psicografando ai...

Toni disse...

Muito bom isso.
Tive que ler algumas vezes, não pra entender, mas pra aproveitar mesmo.

Aliás, deixa eu ler de novo.. rs

Abraço grande.

Renato Ziggy disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Renato Ziggy disse...

À noite, pode-se olhar através do toque. Do cheiro. À noite, a descoberta recíproca torna-se um rio interessante de se navegar. À noite, o amor encontra renovo e o borbulhar da pele encontra um novo frescor. As almas reabastacem. Porque o amor nasceu com a lua e se banhou de prata, pra reluzir lindamente na meninice, no desespero e no sonho. Até virar canção e ressoar por aí feito sussurro notígavo...
Gostei daqui. Jayô tinha razão.
Abraço,
Ziggy

Unknown disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Jaya Magalhães disse...

Tem uma mescla de sentidos literalmente vagos, pelas frases. O ser a noite. A menina ser a noite. Teus olhos serem a noite dentro dela. E ao mesmo tempo, olhos que são inúteis dentro da noite - os teus.

Isso, deixando de lado a poesia entranhada, foi be-lo. Porque, sabe? Dentro do medo dela de enxergar dentro da noite, ela enxergaria você, dentro em si. Um jeito de ser um, numa escuridão de olhares onde já não se enxerga nada. Metades-inteiras, por assim dizer.

Cara, gostei demais disso! Rs.

"Deixa o amanhã que a gente sorri
Que o coração já quer descansar
Clareia minha vida, amor, no olhar..."

Lembrei isso. Pra que os sonhos sejam. Entre medos e desesperos. Luz, na noite.

Beijo, Tiago!