terça-feira, 18 de março de 2008

Queria que fossem minhas, as lembranças da lembrança de Ísis.

Doce e esperançosa imagem em forma de palavras. Palavras que precisava ouvir e não sei o que querem dizer.
Precisava de palavras que não sei o que querem dizer. Precisava não saber o que dizer, precisava me lembrar das palavras quase mortas em mim. Palavras que não tinha como dizer, e nem sei se as disse.
Novas palavras em forma... aquela forma -ah, aquela forma...- a forma que me enlevou, e me fez lembrar quando esquecia das velhas palavras que fazem parte de mim. Aquelas velhas palavras que consegui esquecer enquanto ouvia as novas palavras que não sei o que querem dizer, na forma que não consigo esquecer.
Na forma que não consigo esquecer. E não demorará para lembrá-la quando esquecer de mim: quando estático, vulnerável e morto, lembrar da forma muda. Forma muda, me lembrando das novas palavras que não sei o que querem dizer, que não quero esquecer.
As novas velhas palavras que dizem o que quero ouvir, e me lembram o que queria dizer.
Lembram-me o que quero dizer. O que queria dizer não podia, havia esquecido. Lembro-me muito agora, não completamente. Estão renascendo aos poucos, na forma que não sei como dizer.
Na forma que não sei como dizer, lembrei palavras que não podia esquecer. Aquelas velhas palavras renascidas que fazem parte de mim. A nova velha forma de dizer o que não sei como dizer.
Espera. Estava quase esquecendo.
A espera de ouvir as novas palavras que estavam quase mortas, pois quase morta era a minha espera. Como é grande o vazio que deixa a ausência dessa velha, e mais, muito mais nova palavra.
Muito mais nova é a forma. A forma... Não sei como descrever a forma sem dizer o que não quero dizer. O que não quero esquecer.
A forma que disse e eu espero – eu espero, e é isso, só isso que espero – que diga novas palavras que desconheço. Pois desconheço.
Pois desconheço. Mas lembro.
Doce forma que me ensina palavras. Mágicas palavras que me fazem lembrar que espero.
Eu espero. Só aquilo eu espero.
Só, aquilo eu espero.
Quão irreais são as novas palavras que aprendo na forma.
Ah, a forma...
Como queria poder o que não posso dizer, como quero.
Como a forma quererá...
A forma não lembra.
Havia esquecido, graças à lembrança das novas palavras, que a forma não lembra.
Lembro agora de palavras que não queria lembrar. Aquelas velhas, e só velhas, palavras condenadas a mim, e eu a elas.
E eu a elas. Queria esquecê-las.
Preciso que a nova forma – ah, como é doce a nova forma- lembres se das velhas novas palavras que fazem parte de mim.
De mim, queria lembrá-la.
Sinto. Sinto a velha nova forma que tenho de sentir as formas.
Que tenho de sentir a forma... Como é linda e afável e emblemática e ilusória e intrigante e envolvente e terna e perspicaz e sinuosa e grandiosa e mágica e sutil e linda, e linda de novo, e mais tanto. Tantas palavras... E aquela velha palavra que desconfio não fazer parte de mim.
Não consegui, não resisti, cedi à minhas novas palavras. Cedi a minha nova forma.
Cedi, minha nova forma. Não deveria descrever a forma, não é minha, mas eu não quero...
Eu quero.
Ah, como eu queria...
Como eu queria fazer parte da nova forma. Como eu queria ensiná-la minhas velhas palavras e mostrá-la minhas novas. E mostrá-la que sei dizer o que não sei como dizer.
E mostrá-la, com minhas palavras que parecem ser velhas demais pra fazer parte de formas.
Minhas palavras. Fora de hora, fora das horas.
Velho relógio em forma de coração com ponteiros desgovernados.
Nova forma de dizer o que as forma me fazem dizer.
Mas como é perfeita – como é linda... – a nova forma que não quero esquecer. E me faz lembrar das novas, e nada mais que novas, palavras que aprendi a dizer.
Palavras que aprendi a dizer.
E talvez eu diga, eu diga que não são minhas.
São da nova forma. São do presente, que espero: é só isso que espero, ser minha.

3 comentários:

Sidereus Nuncius disse...

e o q a ísis tem a ver com tudo isso?

Bernard Freire disse...

estou de volta!!
Também não tenho muito o que dizer do teu poste, ta muito grande não li tudo, depois leio com mais calma.
Cara tou com muito sono, mas postei no meu blog, estava no encontro de estudantes ae, muito legal!!
até logo!!

Anônimo disse...

Nos teus textos as palavras dançam, parecem música, quando não dançam, batem até nos fazer sentir. Fazem brotar novos significados, e re-significam o que já havia...
Se eu escrevo com a alma, você escreve com alma, cérebro, coração, sangue, respiração... enfim!

Um beijo! ;*